Sebastião Salgado, o humanista que procurou “dignidade onde o olhar comum via ruína”


O fotojornalista franco-brasileiro morreu aos 81 anos nesta sexta-feira, 23 de maio, em Paris. A imprensa brasileira é unânime em elogiar a perspectiva singular deste “mestre do preto e branco”, testemunha incansável da condição humana, comprometido com o meio ambiente e a defesa dos povos indígenas.
“Ícone”, “mestre” ou “gênio” da fotografia, “grande pioneiro” e “inspiração” para gerações de fotógrafos , “grande brasileiro”, “legado monumental” por direito próprio … Elogios têm sido constantes na imprensa brasileira desde o anúncio da morte de Sebastião Salgado, nesta sexta-feira, 23 de maio, aos 81 anos. O fotojornalista franco-brasileiro morreu em Paris, onde morava, em decorrência de leucemia, sequela da malária contraída em 2010 na Indonésia.
A Folha de São Paulo traça a trajetória de alguém que não estava predestinado à fotografia. Nascido em 1944 em uma pequena vila em Minas Gerais (sudeste do Brasil), ele estudou primeiro direito e depois economia na Universidade de São Paulo, antes de ingressar no Ministério da Economia. Ativista de esquerda, ele fugiu da perseguição durante a ditadura militar (1964-1985) em 1969 e obteve asilo político em Paris, onde se naturalizou cidadão francês.
Funcionário da Organização Internacional do Café, Salgado viajava com frequência para a África, onde começou a tirar fotos com uma câmera que ganhou de presente da esposa em 1970. “Percebi que fotos instantâneas me davam mais prazer do que relatórios financeiros”, disse ele ao jornal.
Três anos depois, ele decidiu se dedicar inteiramente à sua paixão. Fotojornalista freelancer, ele cobriu notavelmente a Revolução dos Cravos em Portugal e a Guerra da Independência de Moçambique, antes de ingressar na prestigiosa agência Magnum em 1979.
Courrier International